Sbronka

Aqui tem sensualidade mas não tem pornografia, não tem piada manjada, matéria copiada nem nenhuma outra chupação de idéia alheia. Este blog é feito de textos, fotos e montagens de minha autoria e qualquer idéia, texto ou fotos de terceiros terá seu crédito. Este Blog não tem o compromisso de agradar a ninguém. Toda crônica depende do humor do dia, ou da hora. Por fim, este blog não tem papas na língua e o formato é secundário para valorizar o conteúdo.

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Especialista em qualidade de software, atuando na área de Gestão do Desenvolvimento no Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO.

08 fevereiro 2008

CASA GRANDE E SENZALA

Carnaval. A festa popular, democrática, que une o rico e o pobre na mesma massa de alegria e descontração. Festa em que o artista é o povo, e cada folião é um astro à parte, certo? quase isso... Sob a ótica crítica de um alienígena em Terris Bahiensis não é beeeem assim que a coisa se descortina. Sei que vou ser linchado, mas não consigo calar...
Para a Casa Grande o carnaval é uma festa dionisíaca: camarotes com boate, mulheres deliciosas, open bar, cerveja gelada, vinho, whiskey e vodka. Compra de ingressos - ou abadás - pela internet ou por telefone, com entrega a domicílio. Do alto de suas estruturas encasteladas, a côrte pode apreciar os artistas, cada vez mais isolados (e parecidos, ufa, nada de novo acontece por aqui ano após ano...), desfilando rapidamente em seus trios elétricos, loucos para completarem logo o circuito e voltarem para o hotel a fim de contarem a grana que vai permitir passarem mais um ano bem longe de qualquer coisa que pareça trabalho...
Na senzala a coisa é bem diferente: ingresso por 1 quilo de alimento ! que maravilha ! pobre também pode se divertir, de arquibancada, com direito a levar um saquinho com sanduiche de mortadela e suco Tampico. Por apenas 1 quilo de alimento, muita humilhação e algum risco de injúria física.
Ontem foi dia de distribuir ingressos para a senzala. Como para todo sádico existem multidões de masoquistas, sempre têm aqueles que passam a noite na fila para garantir seu lugarzinho. Mas isso não é encarado com indignação, pelo contrário, é uma espécie de honra pro povão passar a noite na fila, dormir no chão da calçada. Depois aparecem na TV Bahia (plim plim) dando entrevista como o primeiro da fila "deixei o bebê com a vizinha e tô aqui desdi onti as déiz hora, drumi nu chão, cumi aqui mêmo...", com orgulho de celebridade, 15 segundos de fama.
Segurança ? Somente seis policiais para cinco mil pessoas, e eles não estavam lá para organizar a fila ou proteger a multidão, afinal é o povo da senzala, danem-se.

Há muito interesse em tumultuar, porque no tumulto prevalece a lei do mais forte. Preferência para deficientes e idosos, que nada ! Teve até um eletricista que saiu pisoteado e com a muleta quebrada. A polícia nada fazia, estava lá pra proteger o patrimônio, o teatro que recebe a Casa Grande quando tem espetáculo na cidade.
No final da manhã um consolo para quem apanhou e não conseguiu nada além de humilhação: aqueles que tumultuaram, forçaram, empurraram, jogaram e bateram estavam vendendo os ingressos conseguidos "por apenas" R$50. É a senzala explorando a senzala.
A Casa Grande não podia ignorar os fatos, que sairam na primeira página do jornal, mas teima em fingir que nada aconteceu poucos minutos depois, afinal, a festa deve continuar e no mundo à parte formado pelos altos muros coloridos dos camarotes nada disso repercute. O maior problema é abastecer o gelo para o Whiskey e conter o playboy que tá louco pra estrear o spray de pimenta que comprou de um contrabandista qualquer especialmente para usar na festa...
(fotos: jornal A Tarde)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

thrash!

11:48  

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