Sbronka

Aqui tem sensualidade mas não tem pornografia, não tem piada manjada, matéria copiada nem nenhuma outra chupação de idéia alheia. Este blog é feito de textos, fotos e montagens de minha autoria e qualquer idéia, texto ou fotos de terceiros terá seu crédito. Este Blog não tem o compromisso de agradar a ninguém. Toda crônica depende do humor do dia, ou da hora. Por fim, este blog não tem papas na língua e o formato é secundário para valorizar o conteúdo.

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Especialista em qualidade de software, atuando na área de Gestão do Desenvolvimento no Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO.

05 novembro 2010

Brasil para todos

O Brasil é um país fabuloso. Há coisas que acontecem aqui que não se reproduzem em nenhum outro país do mundo.
Apesar do que se propaga nas escolas do sul e sudeste do Brasil, onde me eduquei, o processo de independência do Brasil não foi tão pacífico, bastando o grito do então Príncipe Regente e depois Imperador Pedro I. Houve após o grito do Ipiranga uma tentativa dos portugueses de se manter em poder de solo brasileiro, principalmente na Bahia, Maranhão, Piauí e Pará, onde realmente foi travada uma guerra pela independência, envolvendo por parte da tropa brasileira cerca de 25.000 soldados, diga-se: nordestinos, guerra esta que durou até julho de 1823 e custou o sangue de muitos destes brasileiros.
Anos mais tarde, ao final do século XIX, após as guerras da unificação italiana, a economia daquele país se encontrava debilitada, com altos índices de desemprego e cidades com taxa demográfica altíssima. A solução para milhares de italianos foi a migração para a América. Só que a esta altura, lá para 1870, os Estados Unidos da América, essa terra de bravos, berço da liberdade, fechou suas portas para estes imigrantes, criando uma série de barreira para recebê-los. Vieram então para o Brasil, trabalhar inicialmente nas lavouras de café e com o passar dos anos se estabeleceram também no comércio e na indústria que então surgia.
Cento e poucos anos depois, a parcela descendente de italianos é estimada em 15% da população brasileira, sendo correspondente a 25% na população do Sudeste e 45% na população do Sul. Eu faço parte desta estatística pois tenho em minha ascendência bisavós italianos por parte da mãe de meu pai.
Tudo isso para chegar no ponto que eu queria: a imoral onda de xenofobia anti-nordestina que sujou o noticiário do nosso Brasil nesta semana, após a eleição de Dilma para presidente. Ironicamente, descendentes daqueles que receberam abrigo neste maravilhoso país quando fugiam do desemprego, da guerra, da miséria ou do preconceito, se arrogam o direito de decidir quem é ou não brasileiro, quem merece ou não participar das decisões e usufruir das riquezas geradas no nosso país. Esquecem os princípios fundamentais desta nação, que permitiram que seus antepassados resolvessem suas vidas, e propagam os ideais que em muitos casos expulsaram seus ascendentes da europa, mais tarde, na era do nazi-fascismo. São brasileiros, como todos nós, mas acham que os nordestinos, que em sua grande maioria descendem dos que construíram este país, dos que lutaram e morreram pela independência do Brasil, dos que trabalham há 500 anos para sustentar a corte, não merecem ser brasileiros, pois votaram diferente deles.
Pergunto a estes, com muito carinho, o que diriam seus bisavós no âmago da vida espiritual ao verem seus descendentes reproduzirem estas idéias nefastas.
O Brasil é de todos os brasileiros, tenham chegado aqui seja lá quando foi. Mas ninguém tem o direito de se achar mais brasileiro que qualquer um de nós. Citei os italianos, mas vale o mesmo para toda essa moçada BRASILEIRA de sobrenomes estrangeiros que pensa do mesmo jeito. Ainda bem que são tão novos, ainda tem tempo de crescer...
(Gravura: tropas brasileiras adentram Salvador em 02/julho/1823)

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